domingo, 1 de abril de 2012

1970 - The Stooges - Fun House [12]



Poucas pessoas viveram e vivem tão intensamente o Rock N’ Roll, quanto James Newell Osterberg, mas conhecido e mistificado pelo nome Iggy Pop, esse Sr. que nega a sua velhice até hoje e que atingiu notoriedade principalmente no seu período de “Pateta”.
Os Stooges foram uma das bandas mais viscerais da história da música e que pra variar não obteve nem 10% do seu devido reconhecimento, o único reconhecimento recebido pela banda foi o da história, pois hoje é impossível falar de Rock Alternativo sem citar essa banda de Michigan, que influenciou desde o movimento Punk até ao Nirvana, mas onde mais se escuta os ecos dos Stooges é nas bandas Alternativas dos anos 80 e 90 que bebem e muito dessa fonte de Guitarras altíssimas e com a distorção ao seu limite, além de uma bateria quase tribal e um baixo não tocado e sim espancado.
Em Fun House os Stooges tem o seu registro mais autoral, pois nesse disco foram tiradas as amarras presentes nos outros dois trabalhos primordiais da banda, a liberdade na hora de gravar foi essencial ao resultado final, nesse disco gravado em praticamente um take, o que acaba transportando o ambiente dos shows da banda, que diga-se de passagem possuem uma das piores reputações entre todas as bandas da época. A energia dos Stooges fica clara logo na primeira música “Down on the Street” com seu suingue quase ameaçador, o riff em “TV Eye” lembra ao que Tom Morello faria anos depois no RATM além de conter um dos gritos mais arrepiantes da história do Rock logo no primeiro segundo de duração, “Dirt” tem uma levada blues impressionante onde fica evidente a qualidade do guitarrista Ron Asheton, “Fun House” a música que dá nome ao disco é a caracterização perfeita do som dos Stooges com uma guitarra solando de maneira desleixada do começo ao fim um baixo que é tocado na base de socos, os gritos de Iggy e a bateria simples porem eficiente e em “1970” e “L.A. Blues” o uso de saxofone, mas lógico da maneira Stooges de se fazer música.
Por fim, sem querer soar repetitivo, esse disco de 1970 é um dos maiores momentos da historia da música, de fato e sem exageros, de uma banda que vivia nadando contra a maré paz e amor da época e que fazia música motivados pelos desejos mais primais do ser humano, e que levava esses desejos até as ultimas consequências em uma vida de autodestruição completa, e o som dos Stooges é isso nada de construir e sim, destruir conceitos e padrões definidos a quem queria fazer música.

quarta-feira, 28 de março de 2012

1969 - Neil Young - Everybody Knows This Is Nowhere [11]


Qual será a marca que Neil Young deixará para o Rock? A fusão de Rock e Country, os discos de sua extensa carreira ou seu engajamento político? Para mim Neil Young é aquele professor “descolado” do colégio, com uma didática diferente da habitual, mas que mesmo assim consegue ensinar as maiores lições para a vida de forma leve e simples. 
A grande lição que o Professor Neil ensinou é a de que o Rock não precisa ser métrico, certinho, limpo e sem deslizes; o que justamente Young ensinou durante a sua carreira é na possibilidade da música ser livre, sem colocar barreiras estúpidas para sua arte, Everybody Knows This Is Nowhere de 1969, por exemplo, foi gravado praticamente “ao vivo”, o que acrescenta ao resultado final esse descompromisso com regras musicais desnecessárias. Além disso, o disco tem o mérito de ser tanto acústico como também elétrico e Neil Young juntamente com Crazy Horse, soube se movimentar entre essas duas barreiras da música com a mesma facilidade em que conseguia escrever músicas incríveis.
Nesse disco de 1969, por exemplo, pode se destacar muitas músicas, como “Cinnamon Girl” que abre o disco com maestria com um belíssimo riff de guitarra, “Everybody Knows This Is Nowhere” que dá nome ao disco e mostra o belo equilíbrio entre a letra e a melodia, “Round & Round (It Won't Be Long)” que evidência a faceta acústica da banda, “The Losing End (When You're On)” com seu belo solo de guitarra, entretanto é com “Down by the River” e “Cowgirl In The Sand que o trabalho encontra seu auge nessas duas músicas que juntas somam mais da metade do disco, mostram uma incrível Jam com riffs, solos, harmonias vocais e muito feeling em um dos melhores momentos da carreira de Neil Young.
No fim das contas, como em toda turma da escola alguns alunos entenderam o recado e seguiram o seu professor enquanto outros trilharam por outros caminhos, e como quase tudo na vida nenhum dos dois caminhos é a certeza de que se está certo ou errado. A certeza que fica é de como a aula foi boa, dúvida? Então, vai perguntar pra toda a geração de Roqueiros alternativos dos 80/90 pra ver o que eles acharam dos tempos de colégio com o mestre Neil Young.

terça-feira, 27 de março de 2012

1968 - The Jimi Hendrix Experience - Electric Ladyland [10]


"A música é minha religião.” -  Jimi Hendrix

Johnny Allen Hendrix mais conhecido como Jimi Hendrix é provavelmente a maior perda na historia da música, por conseguir o equilíbrio perfeito entre aquilo que foi feito com aquilo que nunca foi feito, é meio confuso, mas observar a discografia da The Jimi Hendrix Experience é a maior constatação dessa afirmativa, pois são três discos perfeitos dentro do seu contexto que foram gravados em aproximadamente dois anos.
Electric Ladyland é o último disco do Power trio que além da lenda Jimi Hendrix contava com o baixista Noel Redding e o baterista Mitch Mitchell, nesse disco Hendrix mostrou todo seu perfeccionismo, vi em um documentário há um tempo que as sessões de gravações no estúdio Electric Ladyland, costumavam ser intermináveis com algumas músicas sendo gravadas varias e varias vezes até atingirem a perfeição e a exaustão dos integrantes principalmente de Noel e Mitch, tudo isso consequência da genialidade de Jimi Hendrix e também ao excessos de drogas.
No fim o que temos é o trabalho mais eclético de Jimi Hendrix que conta com o pop perfeito de “Crosstown Traffic”, o blues de “Voodoo Chile”, a quase Cream “Little Miss Strange” composição de Noel, o cover frenético de “Come On”, a quase Jazz “Rainy Day, Dream Away”, o cover do ídolo de Jimi, Bob Dylan “All Along The Watchtower” aonde o próprio Dylan chegou a declarar que após essa versão da música, a mesma pertencia ao próprio Hendrix e fechando o disco com maestria o virtuosismo de “Voodoo Child (Slight Return)” mais compacta e mais dinâmica que "Voodoo Chile".
No fim das contas esse registro serve principalmente para elevar Hendrix a um dos pontos mais altos do mundo da música, esse lugar é merecido não só pela sua personalidade misteriosa e sua grande áurea de “Deus” da guitarra e sim por conseguir fazer algo que ninguém nunca fez que é ser extensão do seu Instrumento, sem o costumeiro clichê dessa afirmação, Hendrix é o único que pode se dar a esse capricho.

domingo, 25 de março de 2012

1965 - The Beatles - Rubber Soul [9]

Imagina a surpresa em 1965, a banda mais famosa do mundo abandona a fórmula do sucesso fácil, com franjas e ternos e toda aquela embalagem vistosa, para então se apresentarem como a principal vanguarda artística da época. Esse deveria ser o ponto alto da historia de qualquer banda comum, mas estamos falando dos Beatles, onde acontecimentos como esses são apenas mais um dos infinitos pontos geniais de sua existência.
Rubber Soul de 1965 foi o tiro de partida de muita coisa desde, o amadurecimento já citado aqui, mas também alguns atritos que culminariam no fim da banda, nesse disco a dupla principal de compositores estavam especialmente inspirados no caso de McCartney com as músicas: “Drive My Car” que demonstra principalmente o grande baixista que Paul era, com uma linha de baixo simplesmente genial, “Wait” que é uma das minhas preferidas de toda a carreira dos Beatles por ser simples, direta e principalmente uma das canções mais esquecidas do Beatles e por fim “Michelle” uma das mais belas baladas dos Beatles. John Lennon não fica atrás de seu companheiro, com músicas como: ”Nowhere Man” que parece mais uma poesia cantada (coisa de gênio), “The Word” com um tom político camuflado em versos aparentemente amorosos e “Girl” que é uma simples canção de amor, em um dos melhores momentos de John.
Como de costume George Harrison faz muito nesse disco e não recebe o crédito merecido como na ótima introdução de guitarra em “In My Life”, os elementos indianos em “Norwegian Wood” e a sensacional “Think for Yourself” composição de Harrison que cada vez mais é o meu Beatle preferido pela infinita injustiça durante toda sua carreira.
No fim das contas Rubber Soul é um disco subestimando na carreira dos Beatles pelo fato do tamanho da banda, pois um disco assim seria o grande carro chefe da discografia de qualquer banda comum, mas repito estamos falando dos Beatles onde discos como esse são apenas amostras do que estava por vir.

quinta-feira, 22 de março de 2012

1970 - Tim Maia - Tim Maia [8]


“O Verdadeiro Soul Foda!”

Só existe um jeito de descrever artistas como Tim Maia, que é o equiparando a uma força da natureza, não consigo definir de outra forma, pois é esse tipo de artista que nasce para cantar, emocionar e principalmente inovar e que faz isso com tanta maestria que parece que existe algo paranormal o envolvendo. Apesar de eu não ser um especialista em Tim Maia, pra mim fica claro a influência que esse artista causou na música brasileira passando como um Tsunami no cenário da MPB.
Nesse disco de 1970 Tim mostra como misturar com competência Rock, Ritmos regionais, temas populares, Funk e o Soul, o que é mais fascinante é verificar como Tim Maia nesse primeiro disco da carreira já “nasce” grande dentro do cenário nacional, se posicionando desde já como o maior cantor brasileiro de todos os tempos.
Além de tudo já dito é nesse disco que se encontram pérolas desse grande mestre, como: a lindeza que é “Eu Amo Você” que não deve nada a grandes clássicos do Soul norte americano, o baião-rock’n’roll de “Corone Antonio Bento”, a belíssima “Primavera (Vai Chuva)” e ainda a minha preferida “Azul da Cor do Mar” que colabora ainda mais com esse Lado B matador e que contem versos como: “Mas quem sofre sempre tem que procurar, pelo menos vir achar razão para viver...Ver na vida algum motivo para sonhar, ter um sonho todo azul, azul da cor do mar...” realmente um clássico, e que serve como introdução a outros grandes trabalhos como seu disco de 1971 e os dois volumes  de “Racional”.
Acho que não preciso dizer mais nada e você precisa ouvir esse disco.

quarta-feira, 21 de março de 2012

1968 - The Beatles - White Album [7]



Confesso que estou meio receoso de escrever sobre os Beatles e principalmente sobre o White Album, por medo de ser injusto ou ignorante, sei lá... E por essa razão, farei algo diferente do que vem sendo feito neste blog e procurarei deixar o disco em segundo plano nesse texto. O que eu pretendo fazer é o seguinte, explicar um pouco a minha relação com os Beatles, durante toda minha vida.
Pra começar Beatles não é minha banda favorita e fica até um pouco longe desse posto, não que eu não goste da banda, veja bem... Apenas não é a BANDA da minha vida, sendo que durante algum tempo, eu simplesmente não gostava dos Beatles, isso não quer dizer que eu achava a banda ruim (confuso né?). O que acontecia de fato é que não sei se isso acontece com todos, mas existiu um tempo na minha vida onde eu queria ser o “rebeldão” sobre tudo e isso obviamente também se aplica a música, e os Beatles eram o centro dessa revolta, “por quê?” bem, acredito que pelo fato de ser uma banda unânime em muitas frentes, e isso meio que me incomodava, principalmente quando o quarteto de Liverpool sobressaia sobre minhas bandas preferidas em listas ou na preferência "popular".
Esse tempo passou e minha opinião mudou muito, o que eu devo principalmente a meus ídolos, ao fazerem covers, ao falarem dos Beatles com brilho nos olhos e ao sempre enaltecerem a banda como a maior de todos os tempos. Então fui procurar conhecer a discografia dos “Fab Four” e acabei me apaixonando pela fase pós Rubber Soul até Let It Be, sequência de discos essa, que considero uma das mais brilhantes de todos os tempos.  
O que eu to tentando dizer e provavelmente não deixei muito claro ainda é o seguinte: se você abrir seu coração para os Beatles como consequência será aberta uma porta para um mundo incrível, com músicas sensacionais, o que é notável, principalmente ao perceber o fato doquanto a banda era disfuncional (entro mais nesse assunto em outra oportunidade).
Apenas para falar um pouco do White Album, esse é um disco onde os Beatles já não eram mais uma banda de fato e sim quatro caras tocando junto, a dupla Lennon – Mccartney  existia apenas nos créditos dos discos, Harrison mostrava cada vez mais o gênio que era e mesmo assim tinha presença limitada nos trabalhos da banda e o Ringo, bem... o Ringo  provavelmente não conseguia mais contornar todas as situações de atrito da banda, todos esses elementos parecem perfeitos para um fracasso artístico, mas não, esse disco na minha opinião (totalmente baseada no aqui e agora)é o melhor de toda a carreira do quarteto. Esse disco contem boa parte das minhas músicas favoritas da banda como por exemplo, “While My Guitar Gently Weeps” melhor composição de George na banda, “Revolution  mas um lampejo da genialidade simplista de John, “Helter Skelter” que apesar do que dizem não é a primeira canção Heavy Metal da historia, mas mesmo assim encantou a muitos metaleiros até o mais ilustre deles o agora senhor Ozzy Osbourne, “Blackbird” a música que eu mais queria ver Bob Dylan tocar na minha vida e a minha favorita do disco “Happiness Is A Warm Gun composição típica de Lennon cheia de detalhes misteriosos e encantadores.
Apenas para finalizar, faça um favor para sua vida e vá gora mesmo escutar Beatles!!!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

1968 - Iron Butterfly - In-A-Gadda-Da-Vida [6]



In-A-Gadda-Da-Vida é um disco psicodélico da banda Iron Butterfly lançado em 1968 que contém a música de mesmo nome que passa de 17 minutos em uma espécie de Hard Rock ácido.
A descrição acima é o que todo mundo ou quase todo mundo já sabe, o fato de In-A-Gadda-Da-Vida ser uma música épica, não há muito o que se discutir, entretanto o disco ainda conta com outras cinco composições incríveis.
 Are You Happy, por exemplo, é uma ótima canção de Hard Rock, que lembra desde Cream, Doors e principalmente Deep Purple. Flowers and Beads que tem um trabalho vocal parecido com que os Beatles faziam (um metaleiro acaba de morrer vítima de recalque agudo)também se mostra uma ótima canção, mas como eu já disse é In-A-Gadda-Da-Vida que todos consideram a pérola do álbum, até porque essa música carrega um valor histórico, pois é nela que a palavra heavy-metal é dita pela primeira vez (foda-se) além de ter um riff heavy metal (foda-se²).
No fim das contas esse disco é bem melhor do que apenas o ótimo trabalho feito na faixa homônima, trabalho feito com maestria desde o rock básico (guitarra, baixo e bateria) até ao feito no órgão que está presente em boa parte do disco, o grande mérito  da banda neste trabalho é o de fazer um rock psicodélico, porém conseguir também inserir a essa fórmula peso, o que no fim das contas tem muito a ver com o próprio nome da banda. 

1965 - Otis Redding - Otis Blue: Otis Redding Sings Soul [5]


O que é mais difícil, compor uma música universal onde inúmeros artistas obtenham sucesso ao interpretá-la, ou fazer uma versão de uma canção e tornar essa interpretação a definitiva?
Otis Redding conseguiu os dois em Otis Blue: Otis Redding Sings Soul , a tal canção universal é Respect  que ficou famosa  na voz da Aretha Franklin(para muitos a maior cantora de todos os tempos) , já a tal versão, na verdade são versões,  que vão desde sucessos do soul de Sam Cooke, My Girl e até Satisfaction dos Stones.
As versões das músicas de Cooke são um caso a parte, no disco são ao todo três músicas, onde o destaque fica para a obra prima A Change is Gonna Come que no mínimo fica no mesmo nível que a original, a versão de My Girl é na minha opinião a definitiva, além do intocável trabalho vocal de Otis, a instrumentação está impecável principalmente nos metais.  Satisfaction dos Rolling Stones ganha uma cara totalmente diferente da original, entretanto mantem o DNA rebelde e porque não rockeiro da versão de Jagger e Richards.
Algo a se destacar, é que Isaac Hayes além de ser um dos produtores do disco também toca piano, Hayes que é uma das maiores lendas da música negra norte-americana. Falando em lenda Otis Redding é uma dessas lendas que infelizmente morreu muito cedo, mas até hoje é lembrado, menos do que ele merece é verdade, mas o mundo nunca foi um lugar muito justo e na música não seria diferente.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

1963 - Jorge Ben - Samba Esquema Novo [4]


Alguns artistas têm a capacidade de pegar um gênero musical consolidado e moldá-lo a seu próprio gosto de tal forma que fica a duvida: “é um gênero que foi renovado ou ele foi desconstruído para a criação de algo totalmente novo?”, Samba Esquema Novo é um caso típico desse fenômeno, aliás, o próprio titulo do disco consegue explicar de maneira rápida e eficiente a proposta do álbum.
O que Jorge Ben (ainda sem o Jor) fez nesse disco foi “swingar” o Samba, alguns dizem que é o tal do Samba Rock, mas o rotulo que mais me agrada é o Sambalanço, uma espécie de Samba acústico, mas não introspectivo. Apesar de o violão ser a arma principal de Jorge, o disco tem o acompanhamento muito competente por sinal de outros músicos onde se destaca o trabalho nos metais e na percussão.
O disco ainda tem músicas como Mas Que Nada (que foi gravada por inúmeros artistas), Chove Chuva, Quero Esquecer Você (ou seria quero esquecer voxe?) e Menina Bonita Não Chora. Essas que são as melhores em minha opinião, mas na real mesmo, pode colocar o disco inteiro pra tocar quando fizer um churrasco com os amigos naquele domingão de Sol, a beira da piscina, enquanto se espera começar o jogo de futebol, que eu tenho certeza que é sucesso absoluto, ai... Como é bom ser BRASILEIRO!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

1968 - Caetano Veloso - Caetano Veloso [3]



“Os Mutantes são demais” Caetano Veloso – Eles (Última faixa do disco)

Em 1968 o grande movimento artístico brasileiro ainda era a Bossa Nova, ou melhor, a  BozZzZa Nova, entretanto ao mesmo tempo começa a surgir uma juventude inquieta, onde os mais notáveis eram Tom Zé, Os Mutantes e Caetano Veloso. Dos três o mais preparado a assumir o status de líder era Caetano Veloso, que se mantinha um pouco distante da loucura (boa) de Tom Zé e das experimentações dos Mutantes, o mérito de Caetano era justamente em fazer da Tropicália movimento POPULAR. Prova da popularidade de Caetano se encontra na canção Alegria, Alegria uma das vencedoras do hoje lendário festival da Record.
O DNA do tropicalismo está nas 12 músicas desse trabalho de 1968, obviamente Panis Et Circenses foi o grande disco do movimento, mas Caetano Veloso de 1968 tem o mérito de justamente conseguir, se antecipar a onda que em pouco tempo eclodiria na cena musical nacional, juntando inúmeras influências, essa salada cultural pode ser notada na música que abre o disco: Tropicália.
No fim das contas Caetano fez um grande favor à música brasileira, na época onde era “Proibido Proibir” uma restrição foi imposta aos “quadrados” da época, que ainda tentavam ignorar o crescente desejo da juventude de inovar e abraçar a cultura brasileira, ou eles aceitavam a mudança ou se tornariam parte do passado, a Jovem Guarda que tentava copiar os clássicos da Motown e da Invasão Britânica se tornou velha, a Bossa Nova de nova só tinha o nome e o tal do Tropicalismo conseguiu a atenção do público, dos críticos e principalmente um lugar de destaque na história da música brasileira.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

1968 - Jeff Beck - Truth [2]



O primeiro disco inteiramente de Hard Rock? Veja bem, não é que o gênero ainda não tivesse sido inventado, em 1968 o Yardbirds já existia há algum tempo e tanto o Kinks como o Who e os Stones, já tinham botado peso ao blues, mas o Truth primeiro disco do Jeff Beck pós Yardbirds é provavelmente o 1º disco inteiramente hardrocker da história.
O disco na verdade é mais do “Jeff Beck Group” do que apenas do guitarrista inglês, a banda fixa era formada por Rod Stewart (que junto com Elton John são as duas maiores decepções na historia do Rock, mas isso fica pra depois), Ronnie Wood (atual Stones) e Micky Waller (que faz um trabalho respeitável na bateria) além lógico do guitarrista inglês. Entre outras participações pode-se destacar John Paul Jones, Jimmy Page e Keith Moon (que sinceramente se você não conhece pode voltar pro buraco de onde você saiu), os três tocam juntos na faixa Beck's Bolero.
O disco inteiro é impecável, sobram alguns destaques como a grandiosa faixa instrumental: Beck's Bolero, Let Me Love You, Shapes Of Things, Morning Dew,o cover: You Shook Me (que futuramente entraria no repertorio do Zeppelin) e a swingada: I Ain't Superstitious.  Ou seja, esse disco é lindo e incrível do começo ao fim, uma aula de rock com um grupo genial de músicos no auge, o disco acaba sendo apenas o ponto de partida para a grande quantidade de clássicos lançados até o meio dos anos 70 em um dos períodos de ouro da música.

1963 - Bob Dylan - The Freewheelin' Bob Dylan [1]





Em 1963 Bob Dylan ainda não era a lenda conhecida por todos, e muito menos o senhor setentão de hoje, mas já mostrava que era um artista diferenciado. De certa forma Dylan sempre esteve à frente do seu tempo e esse disco é uma prova disso, trabalho que talvez seja o 1º disco mais sério da historia da música “pop” no geral.
No começo dos anos 60 faltava um disco de verdade, onde o conceito álbum fosse definido de forma clara, ou seja, não fosse apenas um apanhado de músicas ou singles, e Bob Dylan, provavelmente foi um dos primeiros a exercer esse papel importantíssimo para a história da música.
The Freewheelin' Bob Dylan abre com Blowin' In The Wind um dos hinos desse artista e talvez uma das músicas mais lindas feitas até então. Masters of War é uma critica aos “Senhores” da guerra que se esbaldam com os lucros da guerra enquanto jovens são mortos. A Hard Rain's A-Gonna Fall dá continuidade aos versos políticos de Dylan, embalado por uma típica melodia Folk. Don't Think Twice, It's All Right provavelmente a minha favorita do disco, que é uma canção sobre uma separação de um casal onde a mulher não dava valor a seu companheiro e por vezes queria mais do que seu amante lhe podia oferecer, sendo uma previa da fase “romântica” do inicio dos anos 70.
Dylan ainda não era a Lenda, nem um Mito, nem tinha feito o melhor trabalho da sua carreira e em minha opinião nem vivia o auge artístico de sua fase elétrica, mas isso serve apenas para comprovar o valor desse artista, aonde um dos seus melhores trabalhos já é superior a 99% de tudo que foi feito e ainda será feito na historia da música, The Freewheelin' Bob Dylan é a primeira mostra de que Dylan de fato é um dos maiores artistas de todos os tempos.